domingo, 2 de dezembro de 2007

Cruzeiro vence, é ajudado pelo rival e está na Libertadores

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Por Leonardo Martins


Foi um final de campeonato que saiu no lucro para o Cruzeiro. A equipe, que começou o campeonato desacreditada, termina-o com uma vaga na Libertadores, após a vitória sobre o lanterna América por 2 a 0 no Mineirão. O Cruzeiro contou com a ajuda do arqui-rival Atlético para essa vaga, que venceu o Palmeiras por 3 a 1.

O Cruzeiro começou partindo para cima do América, com ótimo volume de jogo e criando ótimas chances de abrir o placar. Aos 2 minutos, Alecsandro cabeceou na trave de Azul. Nos primeiros quinze minutos de jogo, o goleiro potiguar trabalhou bastante evitando o gol azul. Mas aos 19, nem Azul e nem a defesa potiguar tiveram como evitar o gol de Leandro Domingues, o meia acertou um bom chute de fora da área e fez o 1º gol. Cinco minutos mais tarde, o baiano aprontou mais uma com a defesa do América e foi derrubado na área. Na cobrança, o artilheiro do Cruzeiro na competição, Roni, bateu bem e fez seu 12º gol no campeonato. Esse gol de Roni seria o último do ataque mais positivo do campeonato com 73 gols.

Com a vantagem e o domínio do jogo, as atenções de todos no Mineirão se voltaram para o jogo do Palmeiras e o resultado o ajudava. Portanto, o Cruzeiro começou a praticar o futebol pragmático que a equipe vinha apresentando nos últimos jogos e parou de atacar. O América não atacou na etapa inicial.

Na volta do intervalo, o zagueiro Thiago Martinelli sentiu e foi substituído por Emerson. O panorama do jogo continuava com os mineiros em cima mas a falta de pontaria do time azul o atrapalhava. Roni e Leandro Domingues perderam chances claras de ampliar o placar. A partir daí, a equipe potiguar começou a assustar e, em certas vezes, a dominar a partida, criando chances para diminuir mas não as aproveitando. Enquanto isso, a vaga se aproximava devido a derrota do Palmeiras. As coisas começaram a se complicar quando o zagueiro Emerson foi expulso na metade do segundo tempo e o América ameaçou mais ainda mas a zaga cruzeirense garantiu a vitória e a classificação a Libertadores.

O Cruzeiro terminou o campeonato com a 5ª posição e jogará a pré-libertadores, tentando voltar a competição após 4 anos. O América terminou com a pior campanha da história do campeonato com 4 vitórias 5 empates e 29 derrotas.

Goiás vence Inter e garante permanência na Série A

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Por Gabriel Seixas


Foram precisos três pênaltis para que o Goiás garantisse permanência na Série A 2008. Da forma mais dramática possível, os esmeraldinos, que coloriram de verde e branco o Serra Dourada, choraram e comemoraram a fuga do rebaixamento como um título. Beneficiado pelo empate do Corinthians, o time demonstrou uma superação não vista em nenhum dos outros 37 jogos do campeonato, e venceu o Internacional por 2 a 1, em casa.

E foi reservado para este duelo, o conhecimento dos verdadeiros heróis e vilões do “título” goiano: Paulo Baier, que durante o campeonato inteiro carregou a equipe nas costas – terminando inclusive como o artilheiro da equipe -, quase protagoniza uma tragédia que parecia anunciada: Já não bastasse o pênalti perdido contra o Corinthians nos últimos minutos, há duas rodadas, o meia desperdiçou mais dois, em seqüência, contra o colorado. Para sua sorte, ambos foram anulados pelo árbitro assistente. E foi aí que apareceu o herói da tarde: Élson. Tão hostilizado pela torcida durante as jornadas anteriores, o meia já havia marcado o gol de empate na tarde de hoje, colocando uma remota esperança no coração dos esmeraldinos para fugir da zona perigosa. Coube a ele também a responsabilidade de pedir a Paulo Baier para cobrar o terceiro pênalti, já que o colega havia perdido os outros dois, ocasionalmente anulados, como dito. Para sua felicidade, o meia converteu bem, e garantiu o Goiás na Série A do ano que vem.

Garantido na Sul-Americana com uma rodada de antecedência, o Inter encerrou o campeonato em 11º, com 54 pontos. Do outro lado, o Goiás terminou em 16º com 45 pontos, e por mais inusitado que pareça, contou com o apoio da torcida colorada, que entoou o grito de “Entrega, Inter!”. Pelo visto, o campeonato de 2005 ainda não foi entalado na garganta dos colorados...

Pouco depois do início do jogo, a torcida do Goiás já ganhou um bom motivo para comemorar: No jogo do Olímpico, Jonas abria o placar para o Grêmio contra o Corinthians. O gol do ex-santista garantia os esmeraldinos na primeira divisão, mesmo com um empate. Porém, um colombiano parecia disposto a mudar essa história. O nome dele? Orozco. O zagueiro colorado aproveitou cobrança de falta batida por Wellington Monteiro e testou firme para abrir o placar pros colorados.

O desespero da torcida esmeraldina ganhou força quando Fabiano Oliveira, aos 16 minutos, chutou firme e Clêmer defendeu. Paulo Baier ainda teve mais duas oportunidades, e na melhor delas, tropeçou em suas próprias pernas. Mas a equipe era persistente: Novamente Fabiano Oliveira foi à luta, e desta vez, acertou a trave. Mas como água mole em pedra dura tanto bate até que fura, o Goiás logo empatou o jogo: Vitor, Harison e Élson triangularam pelo lado direito, e após boa troca de passes, o terceiro entrou livre na área e venceu Clêmer, empatando o jogo. Entretanto, no mesmo instante, Clodoaldo empatava para o Corinthians no Rio Grande do Sul. A combinação dos resultados contrariava as ambições do Goiás, que permanecia na zona do rebaixamento. Até o fim do primeiro tempo, ainda houve um lance pra lá de inusitado: O zagueiro Luiz Henrique, tentando o recuo para Harlei acabou encobrindo o goleiro, que se esticou todo para mandar pra escanteio.

Sem alternativa, o interino Cassius Hartmann resolveu ousar: Colocou o atacante Rinaldo na vaga do zagueiro Luiz Henrique, passando a equipe pro 4-4-2. Mas bastaram nove minutos para a primeira polêmica surgir nos ares goianos: Vitor avançou pelo lado direito e fintou Jorge Luis, que derrubou o goiano na área: pênalti. Paulo Baier, cobrador oficial da equipe, foi pra cobrança e parou em Clêmer. Porém, o assistente Hilton Moutinho mandou voltar, alegando que o goleiro colorado havia se adiantado.

Na segunda cobrança, Baier voltou a desperdiçar – com nova defesa de Clêmer, desta vez no canto oposto. Para felicidade dos torcedores, novamente o assistente Moutinho, acertadamente, mandou voltar. Só que desta vez, o cobrador mudou: Paulo Baier, assustado com a seqüência de erros, pediu a Élson que batesse o pênalti. Em tarde inspirada, o meia não decepcionou, e virou o jogo para os goianos. A partir daí, sua permanência na Série A dependia de um resultado negativo do Corinthians, que empatava com o Grêmio. Os goianos cozinharam o jogo até o fim, garantindo os três pontos e aflitos com os três minutos finais no Olímpico. No fim das contas, a festa acabou sendo do lado esmeraldino, que comemorava como nunca a permanência na primeira divisão. Nem em 2003, quando a equipe amargou a lanterna por diversas rodadas, o sofrimento foi tão grande.

Náutico vence Flamengo em clima de despedida

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Por Gabriel Seixas


Sem maiores pretensões no campeonato, Náutico e Flamengo entraram em campo descompromissados, protagonizando um jogo bastante sonolento, que em certos momentos irritou a torcida presente. O rubro-negro, que ainda tinha chances de conquistar o vice-campeonato teve a seu favor a derrota do Santos, mas não conseguiu o principal para garantir o 2º lugar: A vitória. Impondo um ritmo superior, o Timbu aproveitou as fracas investidas do adversário e marcou o gol nos minutos finais, com o lateral Sidny.

Apesar da derrota, o Flamengo terminou o campeonato em 3º lugar, com 61 pontos – garantindo assim, uma vaga direta na Taça Libertadores. Já o Náutico entrou na rodada consciente de que, independente do resultado, não sairia da 15ª posição. Serviram de consolo os 49 pontos, que não foram nada mal para os alvirrubros, que devem muito a Roberto Fernandes, protagonista principal da ascensão do time em determinado momento do campeonato.

Aliás, Roberto Fernandes teve uma ousadia que poderia ser mais presente nas partidas anteriores, a começar pelo esquema tático: O 3-5-2 foi substituído por 4-4-2, mas tanto Sidny quanto Júlio César continuaram soltos pelas alas. Não bastasse a troca do esquema, o técnico ainda utilizou dois meias armadores (Acosta, artilheiro do campeonato, e Geraldo) e dois atacantes velozes – Felipe e Marcelinho. Do outro lado, Joel Santana substituiu Jaílton por Léo Medeiros, improvisando Cristian na cabeça-de-área. De resto, a única mudança foi a entrada de Obina no ataque, ainda fora de ritmo.

A partida começou em ritmo totalmente irritante, provocando um tédio incomum pra quem via as duas equipes em ação nas partidas anteriores. O Náutico levava perigo em chutes de fora da área. Foram dois que assustaram a meta rubro-negra: No primeiro, o lateral Júlio César acertou o travessão. No segundo, o volante Elicarlos se aventurou no ataque, e da entrada da área chutou colocado, mas Bruno espalmou pra escanteio. O Flamengo teve duas oportunidades para abrir o placar em cobranças de falta, mas ambas foram desperdiçadas por Léo Medeiros, que atuou como segundo volante.

Porém, a melhor oportunidade do 1º tempo ficou mesmo por conta do rubro-negro: Maxi Biancucchi fez ótima jogada pelo flanco direito, entortando Júlio César e dando um passe açucarado para Toró. O meia, pré-convocado para as Olimpíadas em Pequim, desperdiçou uma oportunidade de ouro na marca do pênalti, com o goleiro Fabiano fora da jogada.

Na volta pro intervalo, o Flamengo voltou com uma novidade: Roger, que provavelmente terá seu contrato renovado, entrou no lugar do cansado Maxi. E logo nos seus primeiros minutos em campo, o meia serviu Obina, que chutou rente a trave de Fabiano. Pouco depois, o zagueiro Fábio Luciano perdeu um gol incrível, quando recebeu lançamento e, livre dentro da área, chutou pra fora. O zagueiro já havia chamado a atenção no primeiro tempo, quando trocou farpas com o uruguaio Beto Acosta, vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro.

Depois de mais alguns minutos de sonolência, o Náutico abriu o placar. Ferreira, que havia entrado no lugar de Felipe, lançou Sidny. Dentro da área, o lateral avançou e chutou cruzado, abrindo o placar para o Timbu. A partir daí, o nome do jogo foi Paulo Sérgio. O atacante, que retornava de conclusão, teve duas ótimas chances para empatar o jogo. Na melhor delas, ele aproveitou rebote de Fabiano em chute de Ibson e isolou, frustrando de vez as remotas esperanças da maior torcida do Brasil. No fim, valeu a atitude profissional do Náutico, que entrou em campo com o objetivo de se despedir em alta com a torcida, e saiu feliz.

Tragédia Corintiana: Ato Final

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Por Fernando Murilo


Um ano a ser esquecido. Uma temporada marcada por um déficit imensurável na história de um clube com tantos adeptos. Porém, nem o mais pessimista dos corintianos iria imaginar que o ano fosse acabar com um desastre dessa proporção.


É com este pensamento de esperança, capitaneada pelo jeito irreverente de Vampeta, que aconteceu o último confronto do escrete corintiano ante um Olímpico lotado. A partida, marcaria talvez mais um capítulo da raça de jogadores que foram execrados ao longo de todo o campeonato. Porém, o Grêmio, que ainda aspirava a uma vaga na Libertadores, queria entregar uma vitória ao seu comandante Mano Menezes, este a fazer seu último jogo ao leme do tricolor gaúcho.


Durante toda a semana, as expressões de inteira concentração demonstrada por todo o elenco do time paulista parece não ter sido a tônica do início da partida. Já no primeiro minuto, uma falta imprudente do zagueiro Fábio Ferreira pôs a prova o coração de cada torcedor de uma torcida fanática. A jogada mortal do time gremista fez mais uma vítima, e Jonas acabou abrindo o placar da partida após cruzamento de Bustos.


Do time corintiano em campo, o líder Vampeta buscava sempre os lançamentos para alimentação do ataque. Mas, o prudente esquema de Nelsinho Baptista, que resolveu por três volantes para conter o ímpeto gremista, não fazia o time ser o dono das ações neste setor.
Empurrados por 3 mil fanáticos, o time partiu pra cima. Com as esporádicas arrancadas do sumido Lulinha, a equipe partia e ganhava cada vez mais a posse da bola. Mas, a cada ataque do time gremista, os defeitos observados em outros atos deste calvário que foi o campeonato brasileiro eram latentes: o buraco do meio-campo, a falta de um organizador para criação de jogadas ofensivas e um ataque ineficiente apareciam a cada jogada. Mas a fanática torcida continou de pé, gritando, demonstrando seu amor e sua garra em acreditar no impossível.
Entretanto, o time ainda poderia se dar ao luxo de perder a partida. Mas para isso, o time do Internacional, que não almejava mais nada na competição, precisava ganhar do Goiás em pleno Serra Dourada. Era o que estava acontecendo, e talvez acreditando mais no resultado positivo lá da capital goiana, que a torcida fanática se inflamava, não deixava de gritar e de declarar que, nem a voz impediria de dizer “LOUCO POR TI, CORINTHIANS!”. Porém, a primeira apunhalada ocorreu.


Os torcedores gremistas, unidos a todo um Brasil “anti-corintiano” passou a comemorar o empate da equipe goiana de um jogo que sua equipe havia diminuído o ritmo inicial. O grande articulador de jogadas, Tcheco, pouco produzia, Ramón, outro articulador, estava sumido em campo e, só as arrancadas de Diego Souza e a luta do centro-avante Marcel entre os zagueiros da equipe paulista eram o que impulsionava a partida e exigia do herói Felipe defesas importantes.
Porém, diante de uma força nunca demonstrada ao longo da competição, somente explicada pela força da manta corintiana que uma resposta imediata aconteceu para calar todo um estádio. Vampeta lançou na área, o lateral improvisado Carlos Alberto cruzou e Clodoaldo escorou para as redes, decretando o empate do Corinthians.


Como 3 mil loucos conseguem calar toso um estádio? Simples. Basta um gol como este acontecer para a paixão corintiana ecoar numa torcida gremista em silêncio.


Durante o transcorrer do primeiro tempo, poucos lances a ser tomado nota, como um gol incrível perdido pelo Clodoaldo após chute de Bruno Octávio. Do lado gremista, as arrancadas de Marcel e Diego Souza eram ineficientes nas conclusões, que não exigiram muito trabalho do goleiro Felipe até o final da primeira etapa.


Veio o segundo tempo e o técnico Mano Menezes, que percebeu que havia perdido as ações do meio-campo, resolver por em campo Sandro Goiano, para ganhar a briga pela posse de bola neste setor. Além dele, também entrou em campo o lateral Anderson Pícon em lugar do cansado Bustos, que estava improvisado.


Com nenhuma alteração da equipe corintiana, a segunda etapa começou, e o marasmo em campo se tornava evidente. O time gremista, que estava perdendo a chance de disputar a Libertadores, pouco se inspirava, e o time corintiano se sentia confortável com a situação da rodada. Porém, mais uma apunhalada aconteceu. No Serra Dourada, pênalti pro Goiás. Num verdadeiro teste pra cardíacos, a torcida esqueceu a equipe que ali jogava e voltava as atenções para Paulo Baier. O jogador perdeu duas oportunidades seguidas e cedeu a cobrança do pênalti para Élson marcar. Um gol que prendeu a garganta de toda uma torcida. A partir de então, a “via crucis” da torcida fanática teria seu capítulo mais doloroso. Nelsinho pôs tudo de ofensivo que lhe restava de opção no banco de reservas e o time tentou, com Arce, Lulinha, Heverton e Clodoaldo o que não conseguiu ao longo de uma competição inteira: um gol milagroso, uma esperança de que o amanhã seria ao menos mais feliz. Pois é, ele não veio.


O desespero estava estampado na torcida, que se encontrava calada, acuada, como diante de um pelotão de fuzilamento. O Grêmio, que percebeu o abatimento da equipe adversária, conseguia impor o ritmo e criar chances de perigo. Numa delas, Felipe fez grande defesa após cabeceio de Marcel.


Mano partiu pra tentar a vitória, trocando cansado Marcel por Tuta, o meio artilheiro das edições de pontos corridos do Campeonato Brasileiro desde sua criação.


Os ataques incessantes e sem qualquer organização da equipe corintiana demonstrava o desespero de uma jovem equipe que sofria pela queda anunciada há muito pela imprensa. Mas em momento algum no campo o time se rendia, como que guiado pelo amor de uma nação fanática.


Porém, o tempo era inimigo de um time que pecou o ano todo, seja por administrações equivocadas, escândalos ou falta de qualidade técnica.


A nação que muitas vezes emocionou o Brasil mostrou-se frágil, e chorou, como quando se perde um ente querido.


Mas a nação não deixou de demonstrar mais uma vez a emoção do seu amor, gritando sua loucura por um time que a fez ter muitas vezes raiva.


O time caiu, e um período negro toma conta de uma das torcidas mais apaixonantes do país. Mas esse ato final é o começo da reflexão e de, quem sabe, mais uma volta por cima de uma instituição movida por amor.