terça-feira, 7 de abril de 2009

Colorado centenário

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Por Leonardo Martins


Neste sábado, dia 4 de abril, um clube grande do Brasil completou seu centenário. É o Sport Club Internacional, ou simplesmente, Inter. O colorado dos pampas, que já conquistou o mundo, chega ao centenário como uma grande potencia do futebol sul-americano.

O Inter foi fundado pelos irmãos Poppe, depois que estes foram recusados pelo Grêmio. Uma curiosidade da fundação é que um dos primeiros dirigentes do clube foi um garoto de 17 anos. Desde a sua criação, o Inter foi um clube democrático, o que lhe deu o apelido de “O clube do povo”.

Na década de 10, a primeira seqüência de títulos do Internacional e as primeiras vitórias nos Grenais. Entre 1913 e 1917, o Colorado conquistou cinco campeonatos metropolitanos, sendo 4 de maneira invicta. A primeira vitória sobre o rival veio com uma goleada de 4 a 1 em 1915. O primeiro título estadual do colorado veio em 1927 com uma vitória sobre o Grêmio Bagé por 3 a 1.

A década de 30 começou com a compra de um terreno, terreno que transformaria no Estádio dos Eucaliptos, 1ª casa colorada na história. A construção do estádio marcou o inicio do crescimento do clube, que se consolidou na década de 40.

Nos anos 40, o Inter consolidou-se como uma potencia no Rio Grande e montou um time que entrou para a história do clube. O chamado “Rolo Compressor”, apelido dado pelo seu ataque devastador. O “Rolo Compressor” dominou o gaúchão nos anos 40, conquistando 8 títulos estaduais na década. O ataque comandado por Tesourinha e Carlitos, encantava a torcida com seu jeito de jogar. No fim da década, o Estádio dos Eucaliptos recebeu dois jogos da Copa do Mundo de 50.

Os anos 50 foram marcados por uma versão menor do “Rolo Compressor”, o “Rolinho Compressor”, que encantou a torcida, principalmente a dupla Larry e Bodinho. Segundo os que viveram na época, a jogada da tabelinha começou com essa dupla. Foi um tricampeonato gaúcho na década. Mas outro fato marcou mais os anos 50 na vida do Inter. No dia 26 de Setembro de 1954, o Grêmio inauguraria o seu estádio, o Olímpico, e no jogo de inauguração, chamou o rival Inter para um jogo amistoso. No jogo, o Inter estragou um pouco a festa do rival ao vence-lo por 4 a 1.

Ainda nos anos 50, 8 jogadores colorados ganharam o título do Pan-Americano no Chile para a Seleção. O técnico desta seleção também era colorado, Tetê, do “Rolinho Compressor“. O hino do Internacional foi escolhido através de um concurso feito em 1957. O hino ganhador do concurso foi composto por Nélson Silva, um carioca residente em Porto Alegre e torcedor do clube.

Em seu hino, o compositor coloca que o Inter é o clube do povo. Este apelido foi dado devido a que o Colorado sempre foi um clube do povo, aceitava negros em sua equipe, coisa que o Grêmio só foi fazer nos anos 50.

O Inter estava crescendo e seu rival Grêmio já havia construído um grande estádio. Os dirigentes colorados também queriam um estádio a altura da grandeza do clube. Em 1956, a prefeitura de Porto Alegre autorizou a doação de um terreno na margem do Rio Guaíba para o Inter construir o seu estádio. Como não havia muitos recursos na época para se construir um estádio, a diretoria do Colorado começou a pedir aos torcedores doações para a construção do estádio, uma campanha muito bem feita ajudou nesta memorável conquista. A obra demorou 10 anos e muitos tijolos foram entregues pela torcida. A inauguração foi em um jogo internacional entre o Colorado e o Benfica de Portugal com vitória gaúcha. O 1º gol no Beira-Rio foi do zagueiro Claudiomiro, que se emocionou bastante na comemoração.

A inauguração do Beira-Rio marcou o inicio do domínio do Inter, domínio que se estendeu pelo Brasil nos anos 70. O Inter conquistou o octa-campeonato gaúcho entre 68 e 76. Mas os títulos brasileiros ficaram marcados na memória do torcedor. O Inter montou um esquadrão fantástico e que ficou na história do futebol brasileiro. Comandados pela raça chilena de Figueroa, o maior zagueiro da história da equipe vermelha, e pelo gênio Falcão, o maior jogador dos 100 anos de história do clube. A equipe conquistou o bicampeonato brasileiro 75-76. Outros grandes nomes também participaram da conquista como Paulo César Carpeggiani, Lula, Valdomiro e Dada Maravilha.

Figueroa, caracterizado pela sua classe e raça em campo, foi o autor do gol do 1º título brasileiro diante do Cruzeiro em 1975, com o estádio lotado. Era a chance de desbravar a América pela 1ª vez, mas o sonho acabou diante do próprio Cruzeiro em um jogo memorável que os celestes venceram por 5 a 4, pela Libertadores 76. O bicampeonato brasileiro viria no fim deste mesmo ano. De novo, o Beira-Rio estava lotado e o adversário era o Corinthians. O título veio com uma vitória por 2 a 0, gols de Valdomiro e Dada.

O terceiro título nacional do Inter veio de forma inigualável. Em 79, o Colorado, ainda com Falcão comandando a equipe, foi campeão invicto, feito jamais igualado no Brasil.. Foram 16 vitórias e 7 empates em 23 jogos. E uma final contra o Vasco da Gama, novamente com um estádio lotado, o Inter conquistou o tri-campeonato com uma vitória por 2 a 1.

No ano seguinte, a primeira grande frustração da história. Mantendo a base do tricampeonato brasileiro, a equipe chegou a final da Libertadores. Em uma final contra a raça uruguaia do Nacional, os brasileiros sucumbiram diante do clube uruguaio. Frustração que só seria superada 26 anos depois. Esta derrota na Libertadores marcou o fim da geração vitoriosa dos anos 70. falcão se transferiu para a Roma da Itália, onde viraria ídolo também.

A década de 80 foi dura para a torcida do Inter, pois foram poucas conquistas e seu rival Grêmio conquistou a Libertadores e o mundo em 1983. Mesmo assim, o Inter chegou as duas finais de Brasileiro, em 1987, onde perdeu para o Flamengo de Zico e Renato Gaúcho, e em 1988, onde perdeu para o Bahia de Charles e Bobô.

Mas antes de perder para o Bahia a final de 88, o Colorado venceu o arqui-rival Grêmio nas semifinais. O jogo contra o Grêmio ficou conhecido como “Grenal do século”. O Inter conseguiu a vitória e a vaga na Libertadores 89.

Em 1984, o Inter representou a Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Los Angeles. A Sele/Inter fez bonito em terras americanas e conquistou a prata, perdendo a final para a França.

Nos anos 90, o Inter conquistou a Copa do Brasil em 1992. O Colorado conquistou o título nacional com uma vitória emocionante sobre o Fluminense com gol de Célio Silva. E o Inter também retomou a hegemonia no estado com 4 títulos estaduais e uma goleada por 5 a 2 sobre o Grêmio no Estádio Olímpico.

No final da década de 90 e no inicio da década de 2000, o Inter quase caiu para a segunda divisão em duas oportunidades e se salvou na última rodada. Em 1999, o capitão do Tetra e um dos ídolos da torcida colorada, Dunga, fez o gol que livrou a equipe do rebaixamento contra o Palmeiras. Em 2002, a equipe venceu o Paysandu e também se livrou do rebaixamento na última rodada.

Com estes dois tombos, o time se reestruturou e passou a ser uma potencia dentro e fora do país. Criou o sócio-torcedor, um programa que gerou inúmeros frutos e que hoje é a principal fonte de receita do clube. Desde 2003, o clube passou a jogar, seguidamente, torneios internacionais e a chegar em grandes decisões.

Em 2005, uma grande frustração marcou a torcida do Inter, a perda do título brasileiro em um jogo polemico contra o Corinthians. Mas o vice-campeonato brasileiro abriu vaga para as duas maiores conquistas da história colorada.

O ano de 2006 ficou marcado como o melhor ano da história colorada. Com um time comandado pelo maestro Fernandão, o maior ídolo recente da torcida, o Inter finalmente conquistou a América ao ganhar a Libertadores. Foi um título com autoridade, pois ganhou do tricampeão do mundo, o São Paulo, na casa do tricolor paulista por 2 a 1 e um empate no jogo de volta em Porto Alegre.

A conquista da Libertadores abriu vaga para o mundial de clubes, no fim do ano, em Yokohama. Com um fenômeno despontando na equipe, Alexandre Pato, o Inter conseguiu uma vitória por 2 a 1 sobre o Al-Áhly do Egito, nas semifinais. A conquista do planeta estava próxima.

No dia 17 de dezembro, o Inter enfrentaria o, até então, melhor time do mundo, o Barcelona, campeão europeu. Era um mini-grenal, porque na equipe espanhola estava o ex-gremista Ronaldinho Gaúcho. Foi uma batalha épica em terras japonesas, a defesa colorada parou o poderoso ataque espanhol e fez o gol com um jogador odiado pela torcida, Adriano Gabiru. O mundo era vermelho e o ano maravilhoso estava concluído.

Em 2007, o Inter conseguiu a tríplice coroa ao conquistar a Recopa Sul-Americana contra o Pachuca do México. Em 2008, o Inter conquistou a Dubai Cup, torneio amistoso nos Emirados Árabes, na final, uma vitória contra o seu xará italiano, a Inter de Milão. E no fim do ano, outra conquista no continente, a Copa Sul-Americana, se tornando a 1ª equipe brasileira a conquistar a Sul-Americana.

O Inter chega ao seu centenário com projetos para se tornar uma potencia sul-americana. O Beira-Rio será reformado para ser uma das Sedes da Copa de 2014 no Brasil. E seu projeto de sócio-torcedor tem previsão de chegar aos 100 mil sócios ainda neste ano