segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Especial: Vasco da Gama – A trajetória em 2009 de um clube de primeira

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Por Gabriel Seixas

7 de Dezembro de 2008. Quem é vascaíno de coração, dificilmente esquecerá esta data. E não vai esquecer a derrota para o Vitória por 2 a 0, em pleno São Januário, que levava a equipe, pela primeira vez desde a primeira edição do Campeonato Brasileiro, em 1971, para a Segunda Divisão do futebol nacional. Fruto da má administração que mandava no time há quase 30 anos, alguém precisava recolocar o clube tetracampeão brasileiro ao lugar de onde nunca poderia ter saído, pela grandeza que construiu durante seus 111 anos de vida. A missão não era fácil.

A primeira vitória se deu em Julho de 2008, antes mesmo de o time ser rebaixado, quando o maior ídolo da história do Vasco, Roberto Dinamite, assumiu a presidência do clube. Apesar do discurso de que os esforços seriam feitos para manter o time na elite, todos sabiam que era uma missão complicada. Mas também sabiam que os culpados não estavam mais ali, e que eles teriam a missão de consertar os erros do passado.

Sacudir a poeira e dar a volta por cima

Com a consciência de que o time teria que disputar a segunda divisão após a vexatória campanha no Brasileirão de 2008, Roberto Dinamite fez uma reformulação total no clube, desde o diretor executivo até o plantel principal. Como diretor, chegou o experiente Rodrigo Caetano, que já havia passado por situação semelhante quando dirigia o Grêmio, participando do acesso do time gaúcho em 2005. Como conseqüência da falta de dinheiro para investir em jogadores mais experientes, a prioridade era trazer reforços bons e baratos para o plantel. Foram trazidos, à medida que foram contestados. Afinal, o que esperar do atacante Élton, que jogara em destaque, até então, apenas por times como São Caetano e Santo André? E Jéferson, contratado para ser o criador de jogadas do time, mas que também só ganhou reputação no Santo André? Discutível.

O início de uma temporada surpreendente

A missão de comandar a equipe rumo ao acesso estava sob responsabilidade do técnico Dorival Júnior, que estava no Coritiba até então. O time estava entregue em boas mãos, e prova disso foi o início de temporada empolgante, com a melhor campanha de seu grupo no Campeonato Carioca no 1º turno. Mas a escalação irregular do meia Jéferson não só tirou 6 pontos do time no campeonato, como impediu que o time disputasse as semifinais do torneio, já que fora ultrapassado por Fluminense e Americano em seu grupo.

A frustração no 1º turno não atrapalhou nem um pouco a campanha da equipe no 2º turno. Uma campanha impecável na fase de grupos: 8 jogos e 8 vitórias, com direito a goleada sobre o Botafogo e outra convincente vitória sobre o maior rival, Flamengo. Com status de favorito a conquista do 2º turno, o time cruzmaltino tinha a missão de enfrentar o Botafogo nas semifinais (o mesmo que havia perdido para o Vasco por 4x1 anteriormente). Porém, no mata-mata, o castigo foi doloroso: derrota por 4 a 0. O time via o jejum de títulos regionais aumentar para seis anos.

Como alento em meio a tudo isso, vale destacar que o time foi derrotado apenas duas vezes em todo o campeonato (para Americano e Botafogo), e fechou o Cariocão sendo a defesa menos vazada, o 2º melhor ataque e o time que mais venceu. Mas o fruto do bom trabalho de Dorival & cia não parou por aí.

Simultaneamente, o time também estava na disputa pela Copa do Brasil. Se nem a boa campanha no Carioca o credenciava como um dos favoritos, imagine no início da temporada. As vitórias foram surgindo aos poucos: Flamengo (do Piauí), Central, Icasa e Vitória ficaram pelo caminho, todos superados pelo cruzmaltino. O suficiente para levar a equipe as semifinais da competição, se consolidando como o melhor time do Rio de Janeiro na edição da Copa do Brasil deste ano.

O adversário era o Corinthians, que mais tarde, se consagraria campeão do torneio. O primeiro jogo, em São Januário, terminou empatado em 1 a 1. A vantagem de jogar por um empate sem gols no jogo seguinte era do Corinthians. E com o regulamento debaixo do braço, os paulistas seguraram o empate e chegaram a final. E mesmo não sendo campeões, os cariocas tiveram o melhor aproveitamento dentre todos os times no campeonato, com oito jogos disputados e nenhuma derrota. Eliminado, porém invicto. Eram 24 jogos disputados na somatória das duas competições, apenas duas derrotas sofridas. Precisava mais para credenciar o time como favorito a conquista da Série B?

O time para a disputa da segundona

Antes de mais nada, uma constatação: a escolha de Dorival Júnior para comandar o time não poderia ter sido mais acertada. O Vasco saiu do patamar de um “amontoado de jogadores” para se tornar numa equipe bem estruturada e com atletas respeitáveis. O principal deles, Carlos Alberto, conseguiu manter o ótimo nível durante toda a temporada, bem como o atacante Élton, que chegou desacreditado, mas hoje não só é o artilheiro do time na temporada, como um dos jogadores que mais marcou gols entre todos em atividade na temporada brasileira deste ano.

Outros coadjuvantes, não menos importantes, também foram essenciais. Caso do goleiro Fernando Prass, que ganhou seu espaço durante a temporada, e hoje é o símbolo da estabilidade da defesa vascaína. Outro exemplo é o lateral-esquerdo Ramon, emprestado pelo Internacional, mas que no clube carioca conseguiu desenvolver suas habilidades ofensivas, tornando-se peça chave no esquema de Dorival. Outros começaram a todo vapor, mas sofreram com as consecutivas contusões, como o meia Jéferson, que nos primeiros jogos fez por merecer a camisa 10 que lhe foi designada, mas que hoje não tem nem mesmo sua ausência notada pelos torcedores. A exemplo de Jéferson aparece o atacante Rodrigo Pimpão, que fez um 1º semestre espetacular – fazendo uma ótima dupla de ataque com Élton -, mas que depois de uma contusão grave, não foi mais o mesmo, além de ter perdido sua vaga no onze principal.

A batalha passo-a-passo

No dia 9 de Maio, enfim, começava a trajetória do Vasco na Série B. O jogo de estreia, em São Januário, foi com sabor de vitória, com o 1 a 0 sobre o Brasiliense (gol marcado por Rodrigo Pimpão). Bastaram mais duas vitórias seguidas para levar o time, pela primeira vez na competição, a liderança da Série B. Três jogos, três vitórias: um início arrasador.

O que ninguém esperava era que, dali pra frente, o time sofreria uma queda de rendimento inacreditável. Foram seis jogos sem uma única vitória, sendo cinco empates, quatro deles em 0 a 0. O time não só perdeu a liderança, como saiu do G-4. A possibilidade de não conquistar o acesso começou a surgir com mais força na imprensa, pressionando a equipe a conseguir resultados positivos o mais depressa possível.

As pazes com a vitória só foram feitas na 10ª rodada (!), com um 3 a 0 convincente sobre a Ponte Preta, inspirado na grande atuação do artilheiro Élton, autor de dois gols. O time nem de longe lembrava aquele semifinalista da Copa do Brasil, mesmo porque muitas peças foram mudadas. Jogadores como Fagner, Magno e Robinho, vez ou outra, começavam a frequentar o time titular.

O time até voltou ao G-4 na 12ª rodada, na vitória por 3 a 0 sobre o ABC, mas bastou uma derrota para o Bahia na rodada seguinte para “devolver” o time ao quinto lugar, posto no qual ficou até a 14ª rodada.

Até que, na 15ª rodada, uma vitória aparentemente normal sobre o Juventude, fora de casa por 2 a 1 (vascaíno, o adversário e o placar lhe lembram alguma coisa?), levou o time não só para o G-4, como para a vice-liderança. E a partir daí, não saiu mais do grupo dos quatro primeiros.

Pelo contrário. Aos poucos, foi encostando no líder Guarani, que depois de um início de competição arrasador, dava sinais de queda de rendimento. O objetivo de assumir a liderança só foi alcançado na última rodada do primeiro turno, na goleada por 4 a 0 sobre o Ipatinga. Aquele era um dia especial: comemorava os 111 anos do Vasco, e motivado por isso, 76.211 pagantes compareceram ao Maracanã, recorde de público até então na temporada 2009 do futebol brazuca. Ali começava a supremacia vascaína na competição. O time não deixou mais a ponta da tabela, e com a vitória deste fim de semana sobre o Juventude, completou 16 rodadas consecutivas em 1º lugar, feito que lhe deu o direito de comemorar, com quatro rodadas de antecedência, o acesso à Série A do ano que vem.

E dentro de campo, quem foi a estrela do time? Num consenso geral, foi Carlos Alberto, pensador, criador e algumas vezes finalizador de jogadas do time cruzmaltino. Além do capitão, vale destacar o atacante Élton, autor de 15 gols na competição até aqui, e mais de 30 na temporada.

Fundamentais ao Vasco? Os vascaínos

Foram citados Roberto Dinamite, Dorival Júnior, Carlos Alberto, Élton e todo o conjunto de atletas como os responsáveis pelo acesso do Vasco. Mas não poderíamos esquecer de outro elemento importantíssimo nessa conquista: a torcida, que do início ao fim, esteve presente ao lado do time. Com uma média de público de mais de 15 mil pessoas, o Vasco protagonizou dois dos três jogos com maior público do futebol brasileiro neste ano, sendo que a partida contra o Juventude está no topo do ranking (mais de 80 mil pagantes no Maracanã).

A promessa de seguir o time até o final da caminhada foi mantida. Mas isso tem uma explicação simples: porque o sentimento não pode parar. E não vai parar, porque o amor dos torcedores a este clube vai além de estar na primeira, segunda, ou em qualquer divisão. É o amor pelo Clube de Regatas Vasco da Gama, que sem dúvida, vai ganhar um novo ânimo depois deste histórico 7 de Novembro de 2009. Parabéns aos mais de 15 milhões de vascaínos espalhados por todo o Brasil, que na alegria e (principalmente) na tristeza, não abandonaram o sentimento pelo clube.

Não é necessário cair para voltar a ser grande. A palavra-chave é planejamento. Porém, times como Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio tiveram que passar pelo mesmo processo do Vasco, e aprenderam a lição. E é esperado que o Vasco também tenha aprendido, para não dar mais desgosto a essa fanática torcida, que merece ver seu time voltar a brigar por títulos. São 10 anos sem uma conquista nacional, e seis se tratando de conquistas regionais. Mas até o fim da Série B deste ano, o grito de ‘É Campeão’ deve sair da garganta, ainda que seja por uma segunda divisão. A torcida agradece a segundona por ter renovado a paixão do torcedor pelo time. E deseja a ela um ‘até nunca mais’.

Internacional empata com Barueri e vê G-4 mais longe

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Por Gabriel Seixas

Precisando da vitória para se manter firme na briga pela Libertadores, o Internacional visitou o Barueri, mas esbarrou em nova atuação abaixo da média e só empatou em 1 a 1. É o terceiro jogo seguido sem vitória dos gaúchos, e pra completar, o time está agora a três pontos do 4º colocado, Atlético-MG. O Barueri está em 11º, com 45 pontos, brigando apenas pela Sul-Americana. O time do interior de São Paulo marcou com Márcio Careca, no primeiro tempo, mas na etapa final, Fabiano Eller empatou para o Colorado.

O Inter começou exercendo um ritmo de jogo muito forte, mesmo com a ausência do argentino D’Alessandro, suspenso. Em seu lugar, entrou o garoto Giuliano, que retornou a equipe após a disputa do Mundial Sub-20. E logo no primeiro minuto, o jovem colorado criou uma grande chance: ele driblou três marcadores, e na cara do goleiro Márcio, tocou para Andrezinho, que de frente pro gol, chutou pra fora.

Mas a pressão parou por aí. Os donos da casa começaram a reagir, mesmo desfalcado – o goleiro René e o artilheiro Val Baiano continuaram suspensos pela polêmica da mala branca -, e logo abriram o placar aos 16 minutos. Márcio Careca recebeu cobrança de escanteio curta na esquerda, e de lá mesmo, arriscou um chute até certo ponto despretensioso. Mas o goleiro Lauro, na hora de encaixar a bola, deixou-a passar por debaixo do braço e engoliu um frango tremendo. Placar aberto na Arena Barueri.

E os paulistas quase ampliaram aos 21: Márcio Careca cobrou escanteio da esquerda, e o zagueiro Daniel Marques, de cabeça, tirou tinta da trave de Lauro. Depois disso, a partida esfriou, e o Baruba foi para o intervalo em vantagem no marcador.

Para o segundo tempo, Mário Sérgio lançou o garoto Marquinhos na vaga de Andrezinho. E no decorrer da etapa, ainda tirou Daniel para a entrada do volante Glaydson. O time melhorou, principalmente nas tramas pela esquerda com Kleber e Marquinhos. Melhor em campo, o colorado empatou aos 20: Giuliano cobrou falta, e o zagueiro Fabiano Eller se antecipou ao goleiro Márcio para, de cabeça, empatar a partida.

Ao invés de se lançar em busca da vitória, o Barueri resolveu segurar o empate. Melhor para o Inter, que mesmo impondo um ritmo melhor em campo, não conseguiu vencer. Mas teve grandes oportunidades, principalmente com Kleber. Aos 35, ele arriscou um chute de fora da área que assustou Márcio. E seis minutos depois, o lateral cobrou falta no ângulo de Márcio, que se esticou todo para salvar o Barueri de uma derrota.

Classificação após 34 rodadas:

1° São Paulo – 59pts
2º Palmeiras – 58pts
3° Flamengo – 57pts
4° Atlético-MG – 56pts

5° Cruzeiro – 54pts
6° Internacional – 53pts
7° Avaí – 50pts
8° Corinthians – 49pts
9° Grêmio – 48pts
10° Goiás – 47pts
11° Barueri – 45pts (7 SG)
12° Santos – 45pts (-1 SG)
13° Vitória – 44pts
14° Atlético-PR – 43pts
15° Coritiba – 41pts (11V)
16° Botafogo – 41pts (9V)
17° Fluminense – 36pts
18° Santo André – 35pts (-14SG)
19° Náutico – 35pts (-19SG)
20° Sport – 30pts